16 de ago. de 2008

Paródia do Guerreio

E que fazem lá embaixo?
Parece que andam todos ocupados
fervendo em seus negócios

Lá embaixo, lá embaixo
lá longe,
andam talvez estrepitosamente
daqui não se vê muito
não lhes vejo as bocas,
não lhes vejo
detalhes, sorrisos
ou sapatos derrotados
Mas por que não vêm?
Onde vão se meter?

Aqui estou, aqui estou
sou o campeão mental de esqui, de boxe,
de corrida de fundo,
de asas negras,
sou o verdugo,
sou o sacerdote,
sou o maior general das batalhas,
não me deixem,
não, por nenhum motivo,
não se vão,
aqui tenho um relógio,
tenho uma bala,
tenho um projeto de guerrilha bancária,
sou capaz de tudo,
sou pai de todos vocês,
filhos malditos,
que acontece,
me esqueceram?

Daqui em cima eu os vejo:
que lentos são sem meus pés,
sem meus conselhos,
como mal se movem no pavimento,
não sabem nada de sol,
não conhecem a pólvora,
têm que aprender a ser crianças,
a comer, a invadir,
a subir as montanhas,
a organizar os cadernos,
matar as pulgas,
a decifrar o território,
a descobrir as ilhas.

Tudo se acabou.

Foram por suas ruas para suas guerras,
suas indiferenças, suas camas.
Eu permaneci eterna

Pablo Neruda por Jazz
para um ex amigo
"cada escolha, uma renúncia"