17 de out. de 2025

a tua presença


Entre a tua presença e a minha existência, 
escolho as minhas filhas e a mim. 
Eu sei que não é exatamente da gente que tua falta encontra o sofrimento, 
mas sim do que a gente te vestia, dos nossos papéis na tua fantasia.
Entre ter a presença de você personagem e a sua ausência revelada no tempo da verdade, 
escolho a liberdade.

Já dizia Ele:
"a verdade vos libertará" 
Se a ausência é o preço que pago pela nossa liberdade, 
será assim sacramentado. 

O que resta são minhas falas contidas e engasgadas para não mais alimentar-te do meu amor,
que se fosse antes no tempo de tua presença, seria um lindo compartilhar sobre esse video de Caetano.
Ele ressoou em mim, como um gatilho entre tantos outros que desvio todos os dias.

Se fosse me perguntar do que mais sinto falta da tua presença, 
são das músicas cantadas e escolhidas, 
que você fingia ser pra mim.

Quero acreditar que (se pudesse ter uma verdade nisso tudo), 
seriam todas as canções as nossas testemunhas eternas, 
e que elas seguissem seu legado na história contando para os recém chegados 
que um dia também foram de um casal de amantes
 apaixonados.




Dizem que para processar o luto, devemos viver cada etapa dele com presença, com integridade e intensidade que nele contém. Chorar cada choro que vier, sorrir em cada lembrança bonita e principalmente sentir a saudade. Sabia que a palavra saudade só existe na lingua portuguesa? Nenhuma outra expressa o seu significado, por que não é somente a falta, é o TODO de um amor interrompido, é um tempo que não existe, mas que se você fechar os olhos pode sentir a presença dele, tão real e vivo, que então você estará em paz. 




Essa será minha última playlist para você, uma lista de sonoridades que é a minha forma de linguagem, com ela coloquei meu pesar, meu silenciar, minhas lágrimas, meu adeus, meus sorrisos sinceros, meus sonhos interrompidos, sua ausência, meu desapego, minhas lembranças que serão eternas. Foi uma história bela, intensa e cheia de aventuras, foi a melhor história que podíamos escrever juntos, cada um com a sua verdade, e quer saber? Eu fui muito feliz em cada momento, por que eu estava inteira, estava sendo fiel a mim mesma, E isso me faz seguir cada vez mais forte e confiante em mim. O meu paraíso estava completo, eu vivi o que eu queria e só posso agradecer por isso. Foi lindo, foi solar, foi doce e borbulhante. Foi exatamente o que imaginei. Agora sigo em paz com o meu coração e minhas convicções, mais madura, mais inteira e ainda mais certa de quem eu sou. Obrigada por fazer parte desse pedaço da minha jornada, com você pude trazer ao mundo 2 seres divinos, e isso tem muito valor. Quero que você siga em paz também e feliz. Até a próxima esquina, mb.

 


14 de out. de 2025

 





Um desacato

eu que te salvei por amor

te amei por amor

me matei por amor

desisti de viver por amor

agora sobrevivo por agonia e dor


eu que limpei tua casa por amor

limpei tuas feridas por amor

te dei duas filhas por amor

aprendi que na nossa vida não há amor


eu te daria o universo se existisse 

o que eu mais queria

amor


a troca era justa

você fingia e eu obedecia


minhas cicatrizes gritam

meus seios antes fartos

agora silenciam

meu ventre antes cheio

agora está vazio


eu ordenei as estrelas por amor

colori todas as casas 

por amor 

plantei flores no teu jardim

por amor

e agora eu sou só 

amargor


te tinha encontrado

depois de muito idealizado

eras meu número

me denominador em comum

meu duplo seis encantado


até eu acordar do sonho projetado

e me ver sozinha nesse escárnio


me enxerguei no tabuleiro 

e reparei que nem ao menos 

estava jogando

eu era apenas o tabuleiro sustentando 

ao me ver em tão pequeno e limitado espaço

entendi que ao amar por dois 

eu traí a mim mesma

um desacato!

10 de out. de 2025

A origem do mundo está em nós


A mulher é o bicho mais selvagem que eu conheço.  Com ela se criou o mundo todo, o mundo visível e o invisível. Somos dotadas de grande paixão, daquela que vem da alma, que vem de outro lugar que não é esse aqui. Sabemos nossos limites, sabemos quando algo não está certo, sabemos para que lado devemos ir. Apenas quando somos domesticadas e silenciadas, ficamos desprovidas de energia para agir. Mas mesmo nesse lugar de aniquilamento e proibições, somos fugazes, renascemos dos nossos ossos, somos eternas como as raizes das árvores. Nunca se esqueça disso. Os dias podem ser repletos de dor, mas somos fortes o suficiente para seguir, abrir espaço na mata e renascer plenamente de nós mesmas. 


em algum lugar do futuro

Jessica, nunca esqueça de cuidar do seu jardim.

    




O dia em que colocaram a mim, e minhas filhas, dentro de uma caixa.

Ana Clara e Catarina, essa é uma carta para vocês

Eu percorri um longo caminho até chegar aqui, e se fiz esse desabafo cunhado de argumentos embasados por uma narrativa o mais linear, racional e coerente POSSÍVEL, é porque, não tinha outra saída se não registrar aqui o que aconteceu com a gente. Pelas leituras anteriores desse blog, vocês certamente irão notar que a vida da mãe de vocês foi cheia de aventuras e experiências singulares. Talvez as informações aqui não sejam tão fáceis de decifrar, uma vez que nunca fui o tipo de pessoa que faz diários de bordo narrados. E Nem tudo foi registrado, grande parte está perdida entre cadernos, livros, máquinas fotográficas antigas, celulares ultrapassados, e até negativos de fotos que nunca revelei. Mas, pelo menos aqui, vocês podem ter uma noção organizada de um espaço/tempo da minha jornada, com passagem por eventos, lugares, cidades, paisagens, pessoas, amores, bichinhos, natureza, muita natureza. E Essa era eu antes de conhecer o pai de vocês, o Bruno, como a gente chama ele.

Se observarem bem, podem comprovar que dele não se é muito falado, a não ser sobre desabafos engasgados, dúvidas cruéis sobre se entregar ou não, algumas incoerências e desrespeito. Sim, desrespeito, desamor, desocupação, desprezo da parte dele.
Minhas filhas, infelizmente essa mulher aqui não teve inteligência emocional a ponto de se proteger e decidir o que seria melhor para si. Foi inocente e ingênua, se entregou sem pensar, sem medir, apenas confiando no universo. Aliás, eu sou daquelas que quando vê o caminho, se joga, não mede muito as consequências, contando com a sorte e muitas vezes fica tudo bem, mas dessa vez não foi o que aconteceu. Eu estava convicta de que, a partir de um certo período da minha vida, já perto dos 40 anos, eu teria maturidade suficiente para lidar com qualquer situação mais pesada, digamos mais difícil, até porque já havia passado por um aborto aos 27 anos, um relacionamento conturbado e frustado que culminou no nascimento de uma criança de outra mulher, já havido sido amante, e também a namorada traída, fui julgada, virava alvo de fofocas e obsessão por muitos, já havia presenciado a morte de perto, passei pela morte do meu avô (aliás essa é uma história bonita de contar: eu fui a última pessoa a beija-lo e dizer: eu te amo, antes dele falecer). Assumir dois relacionamentos com mulheres por 9 anos, briguei com todos para ser ouvida e respeitada, trabalhei muito, sustentei seus avós por algum tempo, cuidei de mim, cuidei do Chai por 14 anos e muito mais quando ele perdeu os movimentos das patas traseiras, 9 meses antes de falecer, constituí sociedade antes de me formar, mudei de estado 3 vezes, mudei de casa mais de 20 vezes. Conheci e trabalhei com muita gente talentosa, muitos "famosos", modelos, atores, fotógrafos, donos de grandes indústrias e empresas, passei mais de 10 anos só andando de bicicleta, acampei em praias desertas, tomei ácido a primeira vez em um lugar que vocês iriam amar chamado Vale da Utopia. Ia em festas e nas aulas da faculdade fumada de maconha, aliás, era o meu hobby favorito com o seu avô. Já havia morado em Londres sozinha, já havia saído de férias para Fernando de Noronha sozinha, já havia feito muito besteira, o suficiente para achar que estava "curada" de todo o "mal" emocional que pudesse surgir ou me arremeter. 
Eis então, que conheço o Bruno. Despretensiosamente, tinha algo com ele que eu sentia como se fosse de outras vidas, era o destino agindo mesmo, sabe? Algo além do plano da terra. E foi isso mesmo, era isso sim, mas vejam meus amores, esse era o meu desejo, o meu olhar, a minha criação de relação e fantasia, mas não era a dele. Tínhamos muito em comum, muito mesmo. Era até engraçado e surreal as nossas conexões. Para isso basta vocês verem as fotos que temos juntos, se ainda houverem até quando vocês chegarem a ler essa carta. De qualquer forma, só o fato de vocês estarem no mundo, já comprova que o que existiu, pelo menos da minha parte, foi inteiro, foi intenso, foi amor, da melhor forma que a palavra amor possa existir. Porém hoje eu sei que ele sofre de algo chamado TPN (transtorno da personalidade narcisista), é considerada uma doença bem grave, em que a pessoa dissocia seu eu interior, criando um falso self, no qual deposita toda uma fantasia, um personagem, que interage, vive, finge amar e ser uma pessoa "normal" porém o que existe dentro dele, de fato, é um vazio tão grande que nem mesmo ele consegue mensurar. Dizem os especialistas que tais pessoas são incapazes de amar verdadeiramente. São pessoas com ego inflado, arrogantes, superestimadas, que só se interessam pelo poder e controle manipulando suas vítimas (parceiros íntimos), que nesse caso, fui eu, e por consequência, vocês também.
Filhas, eu demorei cinco anos para despertar, para conseguir me libertar e entender o que estava acontecendo comigo, para enxergar que havia vivido de fato um relacionamento abusivo. E quando isso aconteceu, meu chão se abriu, ruiu, eu cai, desmoronei, entrei em choque, e eu fui tão fundo, mas tão fundo, que penso talvez jamais voltar a ver a luz do sol novamente. Aqui nesse lugar é justamente onde eu me encontro agora, ao escrever essa carta. 
Vale acrescentar nessa história, ainda, que enquanto estávamos juntos, os avós paternos de vocês faleceram, quase no mesmo dia, velamos eles juntos, foi a tragédia mais surreal que eu já havia presenciado. Você Ana Clara, havia completado exatamente 2 meses, apenas. Foi muito triste e chocante para nossa recente formada família. Então logo no ano seguinte veio a Catarina, mais um raio de luz de presente para nós. Lembro que nesses anos cuidando de você pequena e grávida da mana, eu sofri bastante, o Bruno por vezes se demonstrava ausente, indiferente, chegava tarde do trabalho e quando eu estava na casa da praia ele aproveitava para se divertir com suas GPS e amigos. Enquanto eu seguia meu destino de gestar e maternar vocês. De qualquer forma, minhas filhas, ele sempre foi um ótimo pai, no melhor sentido, aquele que ajudava no banho, cuidava, trocava fralda, etc. Dentro da nossa sociedade, o homem que fizesse esses simples deveres era considerado herói. 

Tenho certeza que um dia, quando encontrarem esse blog, será de grande valia para as duas. Essa é uma história interessante e precisa ser escrita, ser exposta e lida, principalmente por vocês, em um futuro próximo e vocês saberão o por quê. 
Ah, meus amores, também preciso dizer que por mais que a gente viva, experimente situações e pessoas diferentes, nunca estaremos imunes de encontrar pessoas que fazem muito mal para nós. Essas pessoas podem ser uma amiga(o), uma colega(o), um estranho na fila do mercado, em qualquer lugar. E pode ser também aquele pelo qual nos apaixonamos e nos entregamos por inteiro algum dia.
O narcisista patológico não vê as pessoas como seres dotados de subjetividade e identidade, ele nos vê como objetos, um brinquedo, mais um bibelô que pode colocar e retirar de uma caixa. Eu fui por algum tempo o seu suprimento primário, ou seja, ao ser adulada e aliciada por ele nessa relação, me mantive leal, integralmente, fornecendo todo amor, todo respeito e compaixão que consegui dar, até ele sugar tudo, toda minha energia. Foi assim que despertei, e então estudei muito para concluir essa triste verdade. 



No momento em que percebi que tudo que havia criado e idealizado ao lado dele era apenas um eco da minha própria voz invertida dentro do espelho onde está, entrei em agonia e sofrimento profundos. Especialistas falam que a vítima, no caso eu sofro atualmente de stress pós-traumático. A dor que sinto ao escrever essas palavras me corroe por dentro. E não adianta falar para ele, não adianta discutir. Ele como um ser disfuncional e doente, não escuta, não ouve, ele apenas ouve o que quer, ele recria dentro da fantasia onde vive o discurso que ele quer, pois em sua grandiosidade maligna jamais estará errado. Vejam, ele não sabe o que é ter emoções positivas e saudáveis, sente apenas raiva e inveja das pessoas, justamente por elas terem sua identidade, seu self definidos.
Portanto meus amores, devo concordar com ele, ficamos presas dentro de sua caixa por longos 5 anos, mantidas cárceres de abusos psicológicos e manipulações. Mas com a graça divina que me foi concedida, tive a coragem e a força de vontade para me impor, sair e retirar vocês de dentro desse lugar para que juntas e longe dele, dessa violência, permanecemos sãs e salvas.
Vejam que: ser colocada “numa caixa” é simbologicamente o mesmo que ser reduzida a um objeto, a um volume sem voz, sem desejo, sem presença ativa. isso é um padrão destrutivo e altamente perigoso, principalmente para os afetados diretos (Jessica e as crianças). Reduzida a um objeto, a um volume sem voz, sem desejo, sem presença ativa.





Jamais deixem qualquer homem ou mulher mandarem em vocês, manipularem vocês, se exaltarem sobre vocês. Aprendam a ler os sinais, as entrelinhas, aquilo que não foi dito. Pensem que quando alguém fala algo conosco, essa pessoa está com alguma intenção, sempre existe isso, procurem sempre encontrar a intenção dessa pessoa, muito mais do que o conteúdo do assunto que ela está a falar.
Um infinito amor dessa mãe que tentou ao máximo dar o seu melhor. Tudo vai ficar bem!

20 de jul. de 2025

26 de mai. de 2025

Um registro para ficar na minha memória, sempre que precisar lembrar do que passei


E também para eu sempre ouvir quando bater a saudade dele, embasada na minha projeção de quem ele era, e não de quem ele É. Hoje só agradeço ao universo por ter me presenteado com a VERDADE. Algo tão simples e tão necessário para que duas pessoas adultas e com filhos possam seguir juntos em um caminho de amor leal. Uma pena, um desperdício, um apelo para quem vive não se deixar levar por homens que traem suas mulheres com prostitutas, normalizando que isso não é traição. Faço isso para também, não esquecer, de ensinar minhas filhas a não acreditarem em homens, pelo menos nos homens que mentem. No fundo, eu sempre soube, nunca confiei 100% mas nunca havia achado motivos reais, até esse dia. Fica aqui meu grito abafado, meu sentimento de tristeza profunda, meu caminhar solitário e vazio que ele antes ele preenchia. E bem a verdade, algo já não estava certo, algo não mais encaixava quando o mandei embora, de certa forma já não o queria mais... 

20 de mai. de 2025

vazio

vacuo

ausência

mantra 

bjornm

onde está você?


5 de mai. de 2025

At the Hop

Put me in your suitcase

Let me help you pack

'Cause you're never coming back

No, you're never coming back
Cook me in your breakfast
And put me on your plate
'Cause you know I taste great
Yeah, you know I taste great
At the hop, it's greaseball heaven
With candy pants and Archie too
Put me in your dry dream
Or put me in your wet
If you haven't yet
No, if you haven't yet
Light me with your candle
And watch the flames grow high
No, it doesn't hurt to try
It doesn't hurt to try
Well, I won't stop all of my pretending
That you'll come home
You'll be coming home someday soon
Put me in your blue skies
Or put me in your grey
There's gotta be some way
There's gotta be some way
Put me in your tongue tie
Make it hard to say
That you ain't gonna stay
That you ain't gonna stay
Wrap me in your marrow
Stuff me in your bones
Sing a mending moan
A song to bring you home


e finalmente eu descobri o que ainda gosto em ti. o que ainda me conecta com o teu abraço agora mais sutil e mais distante, talvez menos encaixado: o que sobrou de amor e paixão por ti é a tua imagem idealizada na minha mente, o meu tudo imaginário, que mora no meu consciente, que eu criei, com forma, carne, osso, mente e desejo. 

saiba que você não é o único a sofrer. me dói te ver partir, me dói te ver doer. mas se isso for a cura para uma nova vida, eu aceito e agradeço. fico feliz que esteja tentando, eu também estou tentando, da minha maneira, seguir e fazer as coisas ficarem certas.

se passarmos por isso, estaremos mais forte e mais inteiros, menos hipócritas e mais maduros. saiba que te amo do meu maior infinito amor, aquele que fica em um lugar desconhecido, te amo na alma, e queria muito que fosse você o meu cavaleiro branco.

segue teu caminho, segue tua estrada que precisa ser encontrada por você. estarei logo ali, na próxima esquina, esperando você chegar.






25 de abr. de 2025

bem na verdade, a morte e o luto de quem ainda fica, assim como o nascimento, são atos que, mesmo acompanhados, vividos sozinhos. cada um sabe o seu sentimento, suas emoções e seus medos, mesmo que ditos, são incompartilháveis, são um pequeno grande rio que transcende e transborda, cada um sabe da sua margem e não sabe para onde ele vai levar. aprecie a jornada, essa é a única certeza.

25 de mar. de 2025

Isfa Moreaux, prazer

De onde ela veio, eu não sei dizer, mas simplesmente se agigantou no meu âmago e explodiu para fora, de repente não cabia mais dentro do meu corpo, corpo que estava cheio e gordo. Isfa Moreaux tem nome dado por AI, tem alma de anciã, corpo de uma mãe de 2 filhas, uma mulher de 42 anos, que ama e é livre como aquela guria de anos atrás que escrevia por aqui. Para a minha felicidade e registro, consto aqui que ela nasceu muito bem parida, assistida por um homem, meio garoto, meio filho único, órfão, que também é pai e que já se perdeu muito por ai, e tenta de todas as formas se encontrar, as vezes nele mesmo, mas muito nos que ele ama e serve. Obrigada por ter me parido Bruno Medeiros, agradeço por ter me suprido, me carregado e não ter desistido de mim. Se a Isfa nasceu, grande parte dela veio do teu esperma, da tua dedicação, da tua serventia, do teu companheirismo, única pessoa no mundo que não teve medo de encarar esse ser tão vasto, peculiar, voraz, delirante, demoníaco e apaixonante que sou eu.


O dia que ela nasceu foi 19.03.2025 (quando fez 10 meses que meu pai faleceu)





t





 

“Você meu mundo meu relógio de não marcar horas”

Você meu mundo meu relógio de não marcar horas; 

de esquecê-las. 

Você meu andar meu ar meu comer meu descomer.


Minha paz de espadas acesas. 


Meu sono festival meu acordar entre girândolas. 


Meu banho quente morno frio quente pelando. 

Minha pele total. Minhas unhas afiadas aceradas aciduladas. 


Meu sabor de veneno. 


Minhas cartas marcadas que se desmarcam e voam.


 Meu suplício. Minha mansa onça pintada pulando. 


Minha saliva minha língua passeadeira possessiva meu esfregar de barriga em barriga. 


Meu perder-me entre pêlos algas águas ardências. 

Meu pênis submerso. Túnel cova cova cova cada vez mais funda estreita mais mais. Meus gemidos gritos uivos guais guinchos miados ofegos


ah oh ai ui nhem ahah minha evaporação meu suicídio


gozoso glorioso.


Carlos Drummond de Andrade livro O amor natural


18 de fev. de 2021

Um tratado de confissão sobre minha vida hoje

Eu tenho um lado negro, que é muito baixo e profundo, que vem das trevas. Talvez seja algo ancestral muito antigo, algo que busco incessantemente e vou até descobrir o que é, pode crê. Sei que esse meu buraco vai me libertar, cada vez mais me sinto liberta por conta dele. A cada vez que eu o acesso me sinto mais plena e segura de mim, tenho amor por esse lugar e sei que ele me traz força também.

Nesse lugar entram poucos, alguns que eu deixei descer até a página 20, outros já desceram comigo bem lá em baixo e me resgataram, até a página 100, e tem outro que por último entra comigo e sai comigo e cava fundo cada vez mais. Mas mesmo ele estando lá junto ele não sabe de tudo e isso é bom, isso me traz paz também, porque somente eu sei chegar lá e devo ir sozinha. 

Nesse meu lado negro eu faço coisas e penso coisas e crio coisas muito baixas, muito sórdidas e tudo isso sou eu. e Eu estou aprendendo a conviver com ele, simplesmente deixando o universo se manifestar. Tenho tanta luz, tanta luz que me assusto e sou tão frágil que me deixo levar por pensamentos errados muitas vezes e nessa hora que as trevas me chama para descer. Mas sei que lá existem os meus guardiões e eu os respeito e eu me entrego para as suas fantasias e tentações, e todos os seus vícios também, eles se alimentam disso mas eles me protegem eles fazem eu subir depois porque sei que tenho essa missão de transitar entre eles até terminar minha jornada nesse corpo. E só assim vou conseguir salvar outros como eu.

Estou em um momento crítico e frágil, acho que nunca disse isso aqui tão abertamente, talvez ja tenha escrito coisas parecidas, mas o fato é que hoje, depois de alguns anos me estudando, me conhecendo, sinto que sei muito mais sobre mim e sou feliz e plena comigo, com a minha vida.

Mas quero voltar nesse lugar sórdido, vadio, acabo sempre voltando para me encontrar também. Preciso dele e ele de mim, de onde encontro minha expressão mais transparente e verdadeira. Gosto das verdades e não suporto hipocrisia. Tenho certeza que vim pra esse corpo em 1982 para semear sementes boas, inspirar os que precisam de luz, mas sei também que já arruinei algumas pessoas nessa carne e paguei e continuo pagando por isso e quer saber? tudo bem! sinto que minha missão é longa, meu aprendizado ainda está no início e sempre tenho anjos comigo que aparecem e me resgatam, outros caminham comigo nesse lado sombrio porque eles gostam disse também. Gosto de pessoas verdadeiras e inteiras, que mentem a mentira boa e não a mentira do desrespeito, da não lealdade. 

Não suporto pessoas que criam os seus personagens na vida de luz, que enfeitam suas máscaras e casas e lugares e amigos para se sentirem inteiras. Quando eu aceito meu lado negro e o vivo e não o omito ou escondo sou inteira e íntegra. O MB sabe desse lado, mais do que qualquer um deles, ele entrou comigo, na verdade ele tinha a chave e eu fui, quis participar de tudo e fomos muito além. Mas ainda não confio nele, por que? Gosto de sofrer? Esse meu lado negro me faz sofrer mas a dor é boa? Acho que isso tem um certo masoquismo completamente normal, tenho certeza, porque faz parte dessa jornada "carnal". Minha mãe diz que gosta de ser assim imperfeita porque assim fica mais tempo aqui, se fosse perfeita partiria logo. Eu gosto disso acho que tem um fundo de verdade, mas ao mesmo tempo tem uma fuga do sofrimento, de viver de se entregar. Porque ser e fazer só o que consideramos certo dá trabalho, é muito mais difícil, ter auto controle é a coisa mais difícil que tenho experimentado, precisa de muita luz, de muita energia boa em volta. Somos constantemente minados por energias externas que nos fazem voltar pra sombra e está tudo bem. 

Semana passada dia 11 de fevereiro descobri que estava grávida, amanhã tenho médico para saber mais detalhes. Ou seja, tudo veio como uma avalanche e simplesmente meu carnaval que seria um passaporte das trevas foi cancelado. MB foi sozinho pra lá antes de mim, aproveitou, eu fiquei chateada por isso mas logo passou porque eu sou como ele, faria o mesmo, e ainda faço escondido, mas escondido de quem? O universo é transparente, eu vejo muita coisa invisível que começa com as sensações, os sentimentos. Sou muito sensível e tenho muita mediunidade. Por isso me perdoou de tudo, de tudo que ja fiz de errado pra mim e pros outros e ainda continuo fazendo. Estou mais sensível ainda sabendo do bichinho aqui dentro, não sei se ele estará aqui amanhã ainda, mas se tiver vou estar feliz, com ou sem ele, mas ele tem mudado meus dias de uma semana pra cá radicalmente e tem sido um exercício de amor e reconhecimento. Dia 19 vai fazer um ano que encontrei o MB na festa de carnaval, muito pouco tempo pra ter certeza de tudo. 

Era pra ser um desabafo curto, mas já que comecei vou até o final, vai ser bom reler isso depois de anos. Eu tenho certeza do amor dele por mim, não sei explicar como, tenho muitas certezas que não precisam ser ditas. Mas também tenho muita dor dentro, muita desconfiança e estou fazendo um exercício diário para aprender a não me importar ou relevar as coisas. Quando começamos ele foi muito um tudo pra mim, eu sou assim, me entrego e quero acreditar que é possível, mas ele não era assim, não estava pronto pra mim, mas com o tempo ele foi aprendendo (e aprende rápido o bichinho) foi absorvendo e fazendo escolhas, mas ao mesmo tempo não deixou o lado cafajeste pra trás. Até pouco tempo ainda dava em cima dos contatinhos online (até estamos no meio de uma pandemia, depois escrevo melhor sobre o COVID) mas enfim, se não fosse por isso tenho certeza que não estaria noiva dele desde dezembro e não estaria grávida agora. Nossa relação teve muita magia, a qual eu sei honrar. Mas ambos temos os nossos lados negros onde gostamos de ir e temos os nossos segredos, mas tudo isso me faz pensar em seguir meu caminho sozinha como estava antes de cruzar o caminho dele. 

Antes dele eu estava tão plena e tão feliz comigo, como estou agora, com certeza, mas agora ele me conquistou e me fecundou ou seja, me sinto pertencente a ele de certa forma eu estou me prendendo nesse lugar que hora sinto seguro hora sinto vazio e distante. Será que a gente não se conhece ainda? Não o suficiente para amar de verdade incondicionalmente que é o que ter um filho representa. Ou será que estou levando tudo muito a sério? É que sempre tive essa certeza dentro de mim, que sou especial mesmo, sou um ser peculiar com todas as minhas qualidades e defeitos. Sei que sou apaixonante, mas não o suficiente para ser única? Aí que está, eu manifesto todos os dias que eu mereço ter ao meu lado um ser leal, um ser inteiro, um ser confiante, um rei para o meu reinado. A cada dia ele se mostra mais merecedor desse lugar, mas será que não é muito cedo pra me entregar assim UNIVERSO? Eu pedi isso para minha mãe Iemanjá , pedi fertilidade e saúde e ela prontamente atendeu, isso não é um sinal da luz? É com certeza! Mas por que ainda assim não me sinto 100% segura? O que falta? 

Tenho medo mas quero olhar as coisas dele, vasculhar os segredos mais sórdidos, achar o lado negro que é só dele. Mas mesmo sem olhar eu sinto quando ele sonha com outras pessoas, quando ele sente saudade da vida antes de mim. Mas porque eu tenho esse desejo de achar o que vai me fazer sofrer? Talvez seja uma forma de eu encontrar a minha fuga dele. Eu quero mas ao mesmo tempo não quero. Quero acreditar que esse amor é possível, de verdade! Deve ser difícil para ele também se manter fiel, deve estar sendo um exercício diário, já que a vida dele até um ano atrás era assim, cheio de mulheres diferentes, corpos diferentes, energias diferentes. Ele se alimentava e ainda se alimenta do conhecimento cultural ou de vida delas. Eu sinto isso. E sinto que as vezes isso faz falta pra ele, porque por mais que eu seja um ser altamente interessante e com muito conteúdo, talvez não vá suprir todas as suas necessidades físicas e intelectuais. Mas acredito que tudo é uma construção, ao mesmo tempo que me sinto insegura nesse aspecto, sinto também que completo ele de várias formas, de todas as que ele demonstra precisar. Estou dando muita importância para ele, como jamais dei para outro homem na vida, sempre fui desapegada, egocêntrica e individualista, sempre foi primeiro eu em tudo, foi isso que o Chai mudou em mim, me despertou para a caridade, primeiro para os que eu amo, e sinto que uma missão minha é me doar para quem mal conheço. Mas enfim, com ele me sinto insegura várias vezes, me sinto criança, sinto que não vou dar conta da felicidade total e plena. Estou muito apaixonada e abri isso, falei abertamente, sem medo de cair. Como sempre acho que todo casal monogâmico que escolhe ter um relacionamento tradicional faz isso algum momento da vida, com o advento da tecnologia, internet essas coisas, era mais fácil quando só tínhamos cartas e telefones fixos penso eu. Eu vivi isso na adolescência e era mais natural, mais divertido. A internet possibilitou contatos impossíveis se tornarem possíveis.

O vício dele em pornografia me atrai nele, mas as vezes me cansa também por que não se trata só disso. Amo sexo, sou um ser altamente sexual e ele despertou em mim essa mulher que estava enterrada junto com o passado sofrido por ser imatura e tola, mas eu me perdoei por tudo que fiz e ainda continuo me perdoando hoje e preciso ainda me perdoar pelo que irei fazer. A gente esta aqui nesse corpo bonito e gostoso e cheio de prazer pra aprender também e hoje estou aprendendo sobre o amor e gerar um novo ser que ainda não sei se amo e se quero, mas quero entende? Mereço passar por essa experiencia e quero sentir todos os momentos dela, mas como eu penso tanto e sou um tanto culta e intelectualizada, também sofro por isso antecipadamente, acho que isso se chama alto nível de responsabilidade que tenho muito e ao mesmo tempo nas trevas tenho total falta dele.

O fato é que me deparei com um ser totalmente imperfeito em termos de relacionamento, de entrega total e verdadeira, um ser que criou hábitos péssimos de infidelidade e sempre achou normal ser assim. E eu sabia desde o início disso, mas não tinha visto de fato até vasculhar as coisas e achar o personagem. Mas eu não quero o personagem, eu quero esse ser imperfeito assim mesmo como ele é, abusado, cafajeste, atentado, putinho, tarado. Eu gosto dele assim, com amor e afeto, com abraço de pé e carinho. Mas também quero entrar com ele nas sombras dele, quero ser inteira lá. Penso até que somos mais inteiros lá quando estamos na luz, mas estamos aprendendo a lidar com a gente na luz, no amor, na família, na troca do dia a dia que é mais difícil, sem válvulas de escape, sem drogas, sem o sexo vadio que a festinha traz.

Mas para finalizar tudo isso ainda muita coisa vai mudar ao longo dessa jornada de 8 meses se esse bichinho sobreviver, eu quero que ele sobreviva, mas quero ter certeza que não estou só no fundo da luz e no mais fundo das trevas também. Meu corpo vai mudar outra vez, meus seios já estão grandes, vou ficar cheia com uma barriga mas sinto que vou estar plena e feliz e depois que sair de mim não vou estar só mesmo, dai será uma nova e incrível jornada, talvez o maior desafio de todos até hoje. Só quero o crédito da verdade, mesmo que seja dolorida, mesmo que me faça triste e eu afunde um pouco mais na lama da tristeza junto com o Antrax, mas quero ver se vai valer a pena tudo isso. No fundo eu sei que vai, já está valendo e já valeu por tudo que vivi nesses 12 meses que o conheci. Obrigada universo, você causa as perguntas e ao mesmo tempo me responde prontamente. Eu te amo, sou grata, sinto muito, me perdoe. Amém, Saravá. 


20 de jan. de 2021

Odilon Redon, Clarice e trocas de amor

Grande descoberta! 

Bruno vendo o meu livro dos símbolos (um símbolo de união entre nós, já que a primeira vez que entrei em sua casa, havia o mesmo livro em sua bancada) aplicou a ferramenta de abrir em uma página aleatória, encontrou o silêncio muito bem representado pelas mãos desse incrível artista, até então desconhecido entre nós. 


Passamos um bom tempo interpretando a expressão dessa mulher (ou seria um homem?). Ele acha que ela está em uma plenitude infinita, já eu acho que ela é triste, ou melhor, melancólica.

O fato é que depois dela, encontramos outros grandes desenhos. Maravilhosos, simbólicos, extravagantes, sombrios. Odilon é francês e nasceu em 1840, um dos meus séculos preferidos. Tenho estudado muito autores, filósofos e intelectuais do final do século 19. Me inspiram demais. 


Nada mais atual do que essa acima, a qual chamamos de ninja hehe. Ainda não contei mas estamos em meio a uma pandemia mundial e agora todos precisam usar máscaras para sair à rua.



booh!




Enfim, Odilon e Clarice Lispector foram nossos companheiros na noite passada, em que nos reconectamos com nós mesmos. Fizemos alguns acertos e ajustes de relacionamento, o que não é muito comum entre nós, já que toda a nossa relação sempre foi fluída e orgânica. De qualquer forma é muito bom afinar as coisas, alinhar expectativas. Somos um jovem velho casal contemporâneo de quase meia idade em meados do século 21, apaixonados por pessoas sábias e por nós mesmos. 

Vida longa ao Odilon, à Clarice, à Jéssica, ao Bruno.

19 de jan. de 2021

Maaas eu não vou chorar...

Eu não vou andar com você, enquanto você andar sozinho. Eu não vou me desfazer para refazer você. Foi bom despertar você, te levar junto, te mostrar o meu mundo, mas eu não vou andar com você se você não der o valor para o que tudo isso significa, simples assim. Esse blog é bom por isso, primeiro, por que ninguém lê, não está nas redes sociais (de merda). Ele está aqui pra mim, pra eu me lembrar de toda uma história da minha vida, que se repete, definitivamente. 

Encontrar uma completude no outro é fácil, a gente coloca no outro toda a expectativa que temos em relação a nós mesmos. Eu já me sinto completa sozinha. Entenda que para que eu abrisse uma fresta pra você entrar tive que me despir de muito de mim, me doar. A doação é espontânea, verdadeira e inteira. Não me arrependo de nada desses 11 meses que te conheci e te trouxe pra minha vida. Foi uma troca linda, com paixão, tesão, ciúmes, carinho, raiva, conhecimento, estudos, insights e amor. Amor sim. A esse ponto que estamos podemos falar que existe amor.

De qualquer forma, hoje sinto que tenho que desacelerar esse movimento todo. Te convidei para entrar em movimento comigo, mas eu preciso de tempo e espaço pra me movimentar com o meu potencial. Não sei se estou uma pessoa melhor agora do que antes de andar com você. Essa é minha dúvida. Não sei, preciso pensar. Mas eu não vou andar com você enquanto você andar sozinho. Sozinho na parte que me falta, na parte que não estou presente, na parte que você prefere me esconder pelo seu próprio ego. Eu não vou me desfazer para refazer você. De todos os loucos do mundo, eu ainda escolhi a mim mesma.

15 de jan. de 2021











Tupancy, dindo, dinda, duas elfas cheias de luz e os papais delas. 

A vida pode ser um eterno vai e vem. 

O ciclos se repetem e a gente vem e vai com eles.

O tempo é relativo,  quando abrimos pequenas frestas nele,

preenchemos o vazio e a vida passa ter sentido.

19 de fev. de 2020

Esse dia teve um baile de carnaval no Gondoleiros, 4º Distrito, onde morei minha infância inteira. foi muito legal a festa, levei minha mãe e minha avó comigo. Fazia 9 anos que não pulava uma noite de carnaval (desde que me mudei pra Jaraguá). Foi um dia de montar a fantasia e ir celebrar, pular umas marchinhas. Nesse dia eu me diverti horrores, fui sem intensão alguma além de ser feliz. 

Por acaso vejo um cara, de preto, interessante. A festa seguiu e pelo que percebi ele também me viu e foi mágico. Seria o começar de um novo ciclo na minha vida e eu mal sabia. Lógico que eu beijei ele hahaha, e foi bom, e ele combinou, encaixou, reconheceu, aconteceu.



"tem certeza que você quer me levar embora?" ele nem sabia o que isso significava naquele dia. e talvez ele nunca saiba. talvez nada disso seja verdade. mas todos os sinais que o universo trouxe pra gente, me fez acreditar que sim. esse dia foi mágico, mas precisa mais que magia pra se criar um mundo novo, precisa amor, dedicação e lealdade. 


"É mais fácil morrer por uma mulher do que viver com ela" 

Lord Byron