
alelúia!
Ainda Orangotangos, primeiro longa de Gustavo Spolidoro foi uma surpresa pra mim.
Não tinha muito expectativa, confesso, talvez por ser daqui, de "Porto" mesmo. Me enganei, me surpreendi e sai com gostinho de quero mais do cinema, pois é um filme com medidas exatas.
Pra resumir é um longa filmado em um único plano sequência,
com personagens que são normais dentro do contexto atual, mas sim,
são freaks e muito mesmo.
Começa dentro do trem, estações conhecidas e vai de ônibus até a Cidade Baixa, passando pelo Bom Fim. Quem conhece Porto vai gostar das loacações, eu me identifiquei de cara.
Quem puder assista na telona, vai ficar orgulhoso de ser gaúcho e brasileiro pois tenho certeza que esse filme tem pano pra manga.
E por falar em orgulho de ser gaúcho, hoje é um dia muito importante, nosso dia, marca o início da revolução Farroupilha. Fica aqui a minha homenagem. Fazia tempo que não sentia esse patriotismo no peito, estava morando em Floripa, agora me sinto tão feliz aqui e estava com saudades de ser gaúcha.
Um amigo mandou um texto do Paulo Neruda que fala da saudade. Justamente era essa a saudade que sentia do Rio Grande do Sul. Esse povo que ao mesmo tempo é tão frio e tão querido, tão preconceituoso mas tão tenro, em Ainda Orangotangos percebemos essas características. A gente tem a Lancheria do Parque, Nei Lisboa, um rio e muita cultura, pra não citar todo o resto.
Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...
Saudade é amar um passado
que ainda não passou,
é recusar um presente que
nos machuca, é não ver o futuro
que nos convida...
Saudade é sentir que existe
o que não existe mais...
Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...
Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
"aquela que nunca amou."
E esse é o maior dos sofrimentos:
Não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.
O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido...
Pablo Neruda